Um belo dia recebi o convite do meu amigo PHD Menega (Adalberto Meneghini), instrutor na aviação e guru na arte de gostar de Harleys, para visitarmos o Chui (Chuy no Uruguai). Dª Ingrid já ficou entusiasmada com o final de semana prolongado em cima da Negrona e ainda com direito a algumas comprinhas no freeshoping. Desta vez iríamos com o grupo do HOG Chapter Porto Alegre para o III Encontro Internacional HD Chuy. Programado para iniciar no dia 14 de março e finalizar no dia 17.
Combinamos a saída no posto do Laçador, tradicional ponto de encontro de grupos de moto em Porto Alegre. Não iríamos sair muito cedo pois o almoço estava previsto para o Posto 2 Coqueiros distante cerca de 190 quilômetros de Porto Alegre, onde seria também a primeira parada para abastecimento. O dia amanheceu convidativo para uma viagem de moto. Não estava muito quente e a previsão era tempo seco nos próximos dias. Saímos as 09:15, um pouco depois do previsto. Com o Ramiro de Road Captain e a Ju na sua ala saímos faceiros. Sempre fico entusiasmado com as partidas nos grupos de moto. A música que sai dos escapamentos dos motores V-twins é algo que mexe com qualquer um que aprecie as HD’s. Um dia passeando com a Dª Ingrid sem compromisso pela cidade, paramos em um sinal. Um senhor já idoso parou com o seu carro ao nosso lado e abriu o vidro. Depois de um certo tempo falou: este barulho do motor da Harley é uma música para os meus ouvidos! Num breve momento notei um brilho grande no seu olhar, talvez remetendo a algum tempo saudoso no seu passado. Acenou e saiu com um sorriso nos lábios que nos deixou envaidecidos. Não preciso dizer que ganhamos o nosso dia.
Voltando a nossa saída de Porto Alegre, fomos tocando bem pela Br 116, com direto a passagem pela ponte móvel do Rio Guaiba num dia com pouco movimento. Mantendo um ritmo bom, ao redor de 110km/h até próximo a Camaquã, onde encontramos obras na pista. Em vários trechos a faixa estava com uma mão somente, tendo espera para cruzar com os veículos que vinham no outro sentido. Isto diminuiu um pouco o nosso ritmo. O PHD Menega havia trazido sua Heritage Springer FLTS Softail 1997 de Indaiatuba, SP, para participar do encontro. Acho esta moto um exemplar clássico, onde o branco com detalhes em vermelho mostram um conjunto único. Chegamos para abastecer no Posto 2 Coqueiros, conforme programado, um pouco mais tarde devido as obras na estrada. Almoço rápido, com direito a uma lagarteda no sol para a digestão e estamos prontos para partida. Sempre que passamos pela Br 116 neste trecho cruzamos com varias motos, principalmente as Bigtrails, possivelmente retornando de suas viagens pelo cone sul. É o porta de entrado do Rio Grande do Sul pelas fronteiras do Uruguai e Argentina.
Nova parada para abastecimento logo após a entrada de Pelotas. A preocupação com o abastecimento é devido a carência de postos de abastecimento depois da cidade de Rio Grande. Até o Chui são 240 quilômetros, atravessando a Reserva do Taim. Em um passado recente, o próximo posto seria no Chui, dai a preocupação. Para quem não conhece, a Reserva do Taim é uma área de preservação onde encontramos um grande número de animais. O perigo é o cruzamento destes animais sobre a pista. Nos dois lados da estrada encontramos banhados com grande número de capivaras. Encontramos alguns mortos ao longo deste trecho. O controle de velocidade é mandatório e todo cuidado é pouco.
Chegamos ao Bertelli Chui Hotel no final de tarde e a recepção foi mostrando o que seria o evento. Som forte rolando, Jack Daniel’s e Heineken para entrar no clima. Banho rápido e já estamos confraternizando com o pessoal dos outros grupos. Chamada para a janta, um buffet muito bom preparado no hotel. Sono chegando cedo pelo cansaço da viagem e carregar energias para o próximo dia.
2º dia
Acordamos cedo para o café, muito bom por sinal.Hoje passaríamos o dia em Cabo Polônio. Concentração das motos para a saída do hotel e seguimos para a entrada no Uruguai. O dia estava muito bom. Seguimos 70 quilômetros pela Ruta 9 e depois mais 30 quilometros pelas Rutas 16 e 10.
Chegamos a entrada do parque que leva até o Cabo Polônio. Motos deixadas no estacionamento e lá vamos para a praia. A particularidade aqui é que para acessar a praia são 3 quilômetros de areia fofa, onde só veículos 4X4 são autorizados. Para este transporte existem caminhões antigos adaptados que nos levaram até a vila. É um lugar singular, remetendo a fase hippie da década de 70. Casas minúsculas, mini pousadas e poucos restaurantes compõe o cenário. O farol completa o visual. Almoço preparado no capricho, e vamos dar uma caminhada para conhecer a vila.
No nosso retorno, um fato desagradável. Paramos na parte inicial da estrada pois um acidente com morte havia ocorrido e estavam aguardando a liberação da estrada. Uns 40 minutos de espera com direito a comer butia colhido na beira da estrada.
Nossa volta foi bem livre, pois o grupo que roda mais pesado abriu distancia, e fomos tocando num final de tarde muito legal, porém com inicio de chuvisco, acompanhado de frio.
Como a janta seria livre, fomos finalizar o dia passeando nas lojas, janta leve na cidade.
A noite tivemos show com uma banda muito legal e a escolha da Miss Encontro HD Chuy III. Muito divertido, boas companhias e cerveja Patricia para acompanhar.
3º dia
Café da manhã sem compromisso pois a atividade hoje seria o churrasco ao meio dia. Voltamos a cidade para visitar as lojas (ainda bem que os alforjes são pequenos ou a Dª Ingrid não ficaria somente na visita as lojas!). Aproveitamos para conhecer e fotografar a prefeitura do Chui para o nosso projeto no grupo Fazedores de Chuva.
O churrasco no almoço pode ser descrito como sensacional. Típico gaúcho, com as carnes assadas em fogo de chão, cerveja gelada e sagú de sobremesa.
A noite, a janta foi em uma churrascaria, onde foram feitas as despedidas e principalmente uma homenagem a família do nosso colega Ceará, depois de um ano de sua perda.
Prometemos voltar no próximo ano!
4º dia
O retorno foi individual. Cada um tinha sua proposta.
A nossa era retornar visitando as prefeituras de Santa Vitoria do Palmar, Rio Grande e Cristal, que não havíamos fotografado na nossa vinda anterior por estas bandas. Saímos bem cedo, ainda escuro e com muito frio. Fazia 7ºC mas com o vento da moto, logo estávamos congelados. Não tínhamos previsto tanto frio. Parada estratégica para um chocolate quente no nascer do sol. Foi esquentando aos poucos. Em Rio Grande já tiramos um agasalho por baixo da jaqueta. Como era domingo, a estrada estava bem tranqüila. Parada rápida próximo a Camaquã para lanche, pois decidimos não almoçar. Cruzamos com vários grupos de moto, indo e voltando. Chegamos em Porto Alegre cedo, com o desejo de quero mais.